terça-feira, 31 de julho de 2012

O que acontece no cérebro enquanto aprendemos outro idioma?

Boa noite, pessoas!

Alguém já parou pra pensar sobre o que acontece no nosso cérebro enquanto realizamos alguma atividade? Confesso que todo tipo de assunto ligado a neurociência me interessa bastante, acho o nosso cérebro completamente fascinante.
 Segundo uma reportagem da Revista Superinteressante, aprender uma segunda língua altera a massa cinzenta do cérebro, a área que concentra a "cabeça" dos neurônios e processa toda a informação. O processo é parecido com a prática de exercícios físicos: quanto mais treinamento, mais os músculos aumentam. Milhares de sinapses e redes de conexões se formam durante o aprendizado para fixar as novas palavras e os novos sons. Isso acontece em diversas áreas do cérebro, mas principalmente em duas delas: a Área de Wenicke (responsável pela compreensão do que o outro fala) e a Área de Broca (que coordena a nossa habilidade de falar). Nosso cérebro guarda para sempre na memória as informações que usamos com frequência. Quanto mais ouvimos escrevemos e falamos uma língua nova, mais conexões se formam entre os neurônios e ao praticarmos mais cada estrutura e cada palavra, mais elas se fortalecem e se fixam em nossa cabeça.

Por que as crianças aprendem mais facilmente?

Quando se aprende um novo idioma na infância, a língua materna e o novo idioma se misturam na mesma área, uma vez que o papel de cada região cerebral ainda não está bem definido e as redes de neurônios se formam com maior velocidade.
Quando se aprende a língua depois de adulto, as funções de cada área já estão mais determinadas, por isso o cérebro acaba usando locais separados para cada uma delas.
Portanto, tudo isso parece difícil depois de adulto. Mas só parece. Na verdade o cérebro só precisa se exercitar por mais tempo do que quando se é criança.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Entrevista com Mirta Torres, estudiosa da didática da leitura e da escrita  

PESQUISADORA ARGENTINA DEFENDE QUE, PARA TRABALHAR COM PRODUÇÃO TEXTUAL, OS PROFESSORES TAMBÉM PRECISAM SER BONS LEITORES E ESCRITORES.


Entrevista retirada do site da Revista Nova Escola.

Como os educadores podem ajudar os estudantes a refinar seus textos?
MIRTA Vou responder citando um caso de alunos de 7 anos que estavam reescrevendo a história de Pinóquio. Eles ditavam para a professora: "Pinóquio caiu no mar e a baleia o engoliu. A baleia ficou com Pinóquio em sua barriga durante três dias e depois de três dias jogou Pinóquio na praia". Ela leu em voz alta o parágrafo, comentou que algo soava mal e releu enfatizando o nome Pinóquio. "Fala-se muitas vezes o nome Pinóquio", concluíram. "Como poderíamos evitar isso?", ela perguntou. Os pequenos sugeriram correções: "Pinóquio caiu no mar e a baleia o engoliu. A baleia ficou com ele em sua barriga durante três dias e depois de três dias o jogou na praia". Depois disso, a professora sugeriu que o fragmento correspondente do conto fosse relido, o que resultou na troca de barriga por ventre. Para evitar a repetição da expressão "três dias", foram propostas algumas opções: "ao final desse tempo", "logo", "depois" e "então". As crianças escolheram "logo". Assim que se chegou à terceira versão, um menino disse que algo soava mal, repetindo a expressão que a docente já havia usado. Ele continuou:
"Quando Pinóquio cai no mar, trata-se de uma baleia, uma baleia qualquer. Depois, quando ela carrega Pinóquio durante três dias na barriga, no ventre, então é a baleia porque não se trata de uma baleia qualquer". Então, foi reescrito: "Pinóquio caiu no mar e uma baleia o engoliu. A baleia ficou com ele em seu ventre durante três dias e logo o jogou na praia".

Como a professora fez para que os alunos incorporassem essa prática?
MIRTA Durante a produção, ela recordou com a turma como e por que havia sido substituído o nome Pinóquio a fim de que fosse elaborada uma regra geral, registrada no caderno: "Quando se fala em um personagem e o leitor sabe que se fala dele, não é necessário escrever seu nome. Podemos colocar 'o', 'a', 'os', 'as'".

Para escrever bem, é fundamental ser um bom leitor?
MIRTA
Sim. A formação leitora ajuda na formação do escritor. A familiaridade com outros textos fornece modelos e conhecimento sobre outros gêneros e estruturas. Devemos ler como escritores: voltar ao texto para verificar de que maneira um autor resolveu um problema semelhante ao que temos em mãos, por exemplo. No mais, a leitura desperta o desejo de escrever. Cabe à escola abrir diversas possibilidades: oferecer títulos que fascinam crianças e jovens sem reforçar o que o mercado já oferece de maneira excessiva. Não precisa ofertar livros do Harry Potter, mas obras de Robert Louis Stevenson (1850-1894), como A Ilha do Tesouro, precisam ser recomendadas. Ambos são valiosos, só que, se os do segundo tipo não forem oferecidos, dificilmente os leitores vão decidir lê-los. Mas há que destacar que nem todo bom leitor é um bom escritor. Muitos de nós somos excelentes leitores, porém somente escrevemos de modo aceitável.

O que se espera de um educador como leitor?
MIRTA Ele deve desfrutar da leitura, estar atento aos gostos dos estudantes e considerar sua importância como uma ponte entre eles e os textos. Pequenas, as crianças não podem sozinhas e, já maiores, precisam de ajuda para acessar grandes obras, que não enfrentariam por iniciativa própria. É válido destacar que o docente que seja um bom leitor é capaz de descobrir a ambiguidade, a obscuridade ou a pobreza presentes nos textos e compartilhar isso com o grupo.

A partir de quando os alunos devem produzir textos?
MIRTA Essa atividade pode ser anterior à aquisição da habilidade de escrever. As discussões entre eles e o professor sobre "como fica melhor", "como se poderia dizer", "o que falta colocar" permitem refletir sobre a escrita. Assim, muitos, antes de estarem plenamente alfabetizados, já conhecem as características da linguagem escrita por terem escutado bastante leitura em voz alta. Quer dizer, já podem se dedicar à produção de textos, como ditantes. Lembro-me de um projeto chamado Cuentos de Piratas, desenvolvido com crianças de 5 anos. A professora lia para elas os contos e todos levavam os livros para casa para reler e folhear. Depois, juntamente com a docente, faziam listas de personagens, tomavam nota dos conflitos que apareciam em histórias de piratas, colocavam legendas na imagem de um barco: timão, vela, proa, popa. Finalmente, em grupo, criaram uma história de piratas.

Quais são as etapas essenciais da produção de texto?
MIRTA A escrita propriamente dita leva tempo: se escreve e se relê para saber como prosseguir, o que falta, se está indo bem, se convém substituir algum parágrafo ou reescrever tudo. O processo de leitura e correção não é posterior à escrita, mas parte dela. Ao considerar terminado, o passo seguinte é reler ou dar para outro leitor fazer isso e opinar. Feitas as correções finais, passa-se o texto a limpo com o formato mais ou menos definitivo. Contudo, as etapas não devem ser enumeradas porque não são fixas e sucessivas. Elas constituem um processo de vai e vem.

Como o educador deve escolher o que enfocar primeiro na revisão?
MIRTA Cada texto é único. Todavia, é imprescindível - sobretudo com turmas que já têm autonomia na produção - fazer uma primeira leitura para checar a coerência. Se os alunos se concentrarem em detalhes, podem não conseguir checar a coerência geral.

Fazer intervenções enquanto os estudantes produzem é correto? Ou é melhor deixá-los terminar e revisar só ao fim do trabalho?
MIRTA As situações didáticas de escrita não são todas iguais. Em alguns casos, é interessante observar os escritos durante o processo para ajudar a turma a relê-los, a retomar o fio do relato e a corrigir uma expressão. Em outros, é melhor deixar que escrevam sem intervir. Há alguns anos, em um projeto com crianças de 7 e 8 anos, lançamos mão de um recurso didático que deu ótimos resultados. Organizávamos as aulas de modo que não houvesse tempo suficiente para terminar os textos, fazendo com que o grupo produzisse apenas uma parte dele. Na aula seguinte, a produção era lida para recordar até onde haviam chegado e decidir como continuar. Essa situação genuína da releitura permite descobrir erros, pensar formas apropriadas de expressão, enfim, ajuda a tomar distância do escrito e retomá-lo como leitor.

É válido que os próprios alunos revisem os textos dos colegas?
MIRTA Minha experiência mostra que nem sempre é produtivo que os estudantes leiam mutuamente as produções dos companheiros. Os menores não entendem a letra e os maiores nem sempre sabem o que procurar, o que faz com que fiquem detidos em detalhes que não interferem na qualidade final. A revisão dos colegas ganha valor quando o professor propõe revisar conjuntamente o texto, orientando a leitura e sugerindo opções. O texto eleito para ser revisado coletivamente deve representar os obstáculos que a maioria encontra. Uma vez descobertos no texto do companheiro os aspectos que devem ser revistos, o professor pode sugerir que cada um revise sua própria produção.
Como ensinar gramática e as normas da língua no interior das práticas de leitura e escrita?
MIRTA Efetivamente, se recorrem à gramática e às normas da língua quando é necessário penetrar em aspectos da compreensão de um texto, como "qual é o sujeito do parágrafo?", mas principalmente para revisar. De acordo com a idade da garotada, alguns aspectos são retomados em outros momentos, dedicados só à reflexão gramatical.

É comum encontrarmos pessoas que dizem não saber escrever bem e se sentem mais seguras ao falar, o que leva a entender que a passagem do oral para o escrito é o ponto de dificuldade delas. Como isso pode ser enfrentando na escola?
MIRTA Não creio que isso se deva à passagem do oral para o escrito. A fala permite gestos, alusões que reforçam o peso do que foi dito. Temos uma grande prática cotidiana na comunicação oral e muito menor na escrita. Quem considera mais fácil se comunicar oralmente está, sem dúvida, pensando em trocas familiares e não em apresentações orais formais, como as conferências, que exigem verbalizar e organizar todos os momentos da exposição. Nesses casos, as dificuldades encontradas são parecidas com a de escrever. Ensinar a escrever e a falar de forma aceitável exige empenho do professor, que deve guiar a turma com mãos firmes e seguras.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Produzindo textos


Boa noite, pessoal.

Hoje posto folhinhasde redação.

Beijinhos,
Tia Bia.






terça-feira, 24 de julho de 2012

Entrevista com Maria Cristina Mantovanini

EDUCADORA QUESTIONA O EXCESSO DE DIAGNÓSTICOS DE PATOLOGIAS SEM CRITÉRIO, REFORÇA A OBRIGATORIEDADE DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM PSICOPEDAGOGIA E CRITICA A IMAGEM DESGASTADA DA PROFISSÃO.

Matéria retirada do site da revista Nova Escola.

Beatriz Vichessi (bvichessi@abril.com.br)

Maria Cristina Mantovanini. Foto: Gustavo Lourenção
Com o passar do tempo, a Psicopedagogia vem ganhando espaço na Educação. Dentro ou fora das instituições de ensino, educadores têm se debruçado sobre questões afins à aprendizagem e à afetividade, temas básicos da área. No entanto, a formação de muitos deles se mostra frágil e insuficiente, o que vem desgastando a credibilidade da profissão. A prática equivocada desses profissionais, além de não ajudar crianças e jovens a aprender, é marcada pelo hábito de diagnosticar distúrbios, como a dislexia. "Quem pode afirmar algo desse tipo são os médicos, que são habilitados para tal", afirma Maria Cristina Mantovanini, psicopedagoga com quase 30 anos de experiência. Para ela, não é problema os docentes buscarem esse conhecimento para aperfeiçoar a prática desde que estudem a teoria continuamente e respeitem os limites de atuação próprios da área.

Historiadora, doutora em Psicologia Escolar pela Universidade de São Paulo (USP) e integrante da Sociedade Brasileira de Psicanálise (SBP), trabalhou em escolas por 14 anos. "Fui professora em diversos segmentos - da Educação Infantil à pós- graduação - e atuei como orientadora pedagógica. Conheço em profundidade o cotidiano do ambiente escolar, com o qual mantenho contato direto, o que é fundamental para atuar como psicopedagoga."

Em entrevista a NOVA ESCOLA, Maria Cristina também fala sobre os grandes teóricos da área e convida à reflexão sobre o jeito normativo com que a aprendizagem tem sido encarada.

O que é Psicopedagogia e qual a função desempenhada por quem segue a carreira?
MARIA CRISTINA
É uma área do conhecimento que estuda questões ligadas à afetividade e à cognição e trabalha com elas. Pela escassez de produção acadêmica de qualidade sobre o tema, é difícil apresentar uma definição mais completa. Na escola, o profissional pode desempenhar duas funções. Uma é trabalhar diretamente com o corpo docente, abordando questões da dinâmica da sala de aula, da relação entre alunos e professores e, entre esses, o coordenador pedagógico e a família. Outra é atender no contraturno as crianças que estão apresentando algumas dificuldades em classe.

No consultório, como é a atuação desse profissional?
MARIA CRISTINA
Bem variada, mas sempre é necessário saber o objetivo do trabalho e focar as questões cognitiva e afetiva. É impossível separar uma da outra. Se a criança leva a lição de casa do dia para fazer lá, ele pode observar e analisar como ela lida com o desafio e de que forma se organiza e administra o tempo, por exemplo. Observando tudo isso, o profissional pode intervir, conversar, problematizar a situação. Também é interessante usar brinquedos e jogos, dentre eles os de raciocínio, como Senha, Mancala e baralho, para avaliar como o aluno opera frente a problemas. Nos dias de hoje, é fundamental incluir a informática. Lanço mão de jogos virtuais, como o The Sims, cujo objetivo é governar uma cidade fictícia.

Em atendimentos particulares, qual deve ser a relação entre o psicopedagogo e a escola?
MARIA CRISTINA
Ele tem de conhecer a dinâmica da instituição e manter um contato estreito com a equipe docente. Para tanto, deve se reunir com o professor ou o coordenador ou manter com eles conversas por telefone ou e-mail.

Estudar Psicopedagogia ajuda o educador a ensinar melhor?
MARIA CRISTINA
Não necessariamente. É claro que ele pode buscar um curso sério para aprender sobre o assunto. Porém, para ser um bom professor, é preciso conhecer as didáticas específicas da disciplina que ensina e as teorias do desenvolvimento e da aprendizagem, além de estudar Jean Piaget (1896-1980), Lev Vygotsky (1896-1934) e Henri Wallon (1879-1962). Acredito que seja mais proveitoso para o docente estudar e trabalhar em parceria com colegas da escola e com o coordenador pedagógico, que deve orientá-lo sempre.

Qual é a bibliografia básica da área de Psicopedagogia?
MARIA CRISTINA
Piaget é o primeiro autor que recomendo. Mas estudá-lo não significa ler as obras dele uma vez e pronto. É preciso se dedicar aos textos a vida inteira. A temática, por si só, precisa estar em foco de modo contínuo porque a escola muda o tempo todo. Também considero importante ler os textos do austríaco Sigmund Freud (1856-1939) e do britânico Wilfred Bion (1897-1979). Dos teóricos contemporâneos, indico o italiano Antonio Imbasciati e a argentina Sara Pain. Vale lembrar que os argentinos são precursores na área e a apresentaram aos brasileiros. Diferentemente de nós, eles têm uma graduação específica sobre essa área do conhecimento.

Apesar de recente no Brasil, a profissão está desgastada. Há profissionais com formação inadequada e práticas ineficazes. O que acha disso?
MARIA CRISTINA Infelizmente, eu poderia passar muito tempo listando outros problemas. Hoje, qualquer um diz que é psicopedagogo. As pessoas acham isso chique, como ser participante de reality show e modelo. Existem professores particulares e fonoaudiólogos que afirmam "também faço um trabalhinho de Psicopedagogia", assim, no diminutivo, como se fosse algo simples. Ficam inventando diferenciais. Para ser um bom profissional, é necessário estudar muito a fim de entender sobre afetividade, cognição e mundo inconsciente. Só assim é possível reunir a Psicologia e a Pedagogia. Isso aponta para outra questão problemática, a formação do profissional. Há poucas instituições de ensino sérias, que oferecem bons cursos. A formação do psicopedagogo carece de mudanças. Os programas têm de ser mais longos e prever a experiência clínica obrigatória. A dedicação só à teoria não basta. Estar na escola e contar com a orientação de alguém com mais experiência é fundamental.

As escolas, em geral, reagem bem à intervenção de um psicopedagogo?
MARIA CRISTINA
Nem sempre. Às vezes, o início do trabalho é difícil. A situação é contraditória: a escola está sobrecarregada - mas quando a ajuda chega reage com desconfiança e descrença. Por um lado, quem leciona tem um pouco de razão. O psicopedagogo é aquela pessoa que vem de fora para opinar, mas não vive o dia a dia da sala de aula. Então, ele precisa saber se aproximar e estabelecer uma relação de confiança, deixando claro que quer contribuir e sabe como.

Dislexia e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) são problemas que impedem o desenvolvimento da aprendizagem?
MARIA CRISTINA
Não. Ambos podem dificultar a aprendizagem, mas não impedi-la. Problemas dessa natureza ocorrem quando a criança não consegue dar conta dos desafios esperados para a faixa etária em que se encontra. Mas isso é superável, não significa que ela não vai aprender nada, jamais. Questões relacionadas a diversos cenários podem provocá-los, como os familiares e os individuais. No entanto, é preciso considerar que, às vezes, a dificuldade pode se relacionar ao ensino. Como o conteúdo está sendo apresentado ao aluno? E a organização do tempo e do espaço na sala de aula, tem sido feita de que forma? Em geral, a escola é muito normativa e defende que para aprender é obrigatório seguir regras e ponto final, como se todos fossem iguais.

O número de crianças com laudo médico atestando problemas psiquiátricos tem crescido muito. O que é possível concluir com base nisso?
MARIA CRISTINA
De um ponto de vista filosófico, acho que vivemos um momento de imediatismos, sem espaço para a reflexão. Por exemplo: toda tristeza é depressão. Então, você medicaliza. Os indivíduos estão sendo silenciados.

Por que alguns educadores e familiares atribuem o fracasso escolar a possíveis males emocionais ou neurológicos da criança, desconsiderando o fato de que o responsável pelo problema poder ser quem ensina?
MARIA CRISTINA
Essa foi uma discussão que abordei na minha tese de doutorado, que foi publicada no livro Professores e Alunos Problema: Um Círculo Vicioso (174 págs., Ed. Casa do Psicólogo, tel. 11 3034-3600, 28 reais). Se a criança não aprende, muita gente acha mais fácil culpar uma doença. Assim, a vítima vira o réu e não há nada que possa ser feito além de lamentar o fato. Agindo assim, ninguém precisa buscar uma solução nem investigar se, na verdade, não se trata de um problema que tem a ver com o ensino. Essa postura ainda fragiliza o aluno a ponto de tudo o que acontece na vida dele ter de ser minimizado ou desconsiderado porque ele apresenta um problema emocional, por exemplo.

Considerando a formação do professor, em Pedagogia ou em uma licenciatura, ele pode afirmar que um aluno é disléxico, por exemplo?
MARIA CRISTINA
Não. Acho difícil um docente afirmar tal questão com certeza. Ele até pode intuir, ainda mais se tiver muitos anos de experiência em sala de aula. De qualquer maneira, educadores e psicopedagogos não estão aptos a diagnosticar dislexia, hiperatividade ou outro distúrbio desse tipo. É antiético e irresponsável dizer à família: "Seu filho é disléxico". Só quem pode afirmar isso são os médicos.

Para enfrentar o fracasso escolar é interessante que a escola volte o olhar para si e reveja as práticas pedagógicas?
MARIA CRISTINA
Sim, é o dever dela. Faço supervisão com o psicanalista Leopoldo Mosé, que nos conta algo interessante, a metáfora do avião. Ao trabalhar, temos de nos lembrar da instrução "em caso de despressurização da cabine, coloque primeiro a máscara em você e depois ajude a pessoa ao lado". Quer dizer, se o educador não perceber primeiro o que é responsabilidade dele, vai morrer sem ar e a criança ao lado dele também sucumbirá sem auxílio algum.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Salve a Rainha! 


Boa noite, meu povo!

Vejam só como ficou legal o nosso painel! Como as Olimpíadas estão chegando, as turmas ficaram responsáveis para elaborar um cartaz sobre o país-cede, no caso, a Inglaterra. Minha turminha ficou encarregada de montar um painel sobre a figura mais nobre do Reino Unido, a Rainha Elizabeth II. Que chic! rs. Eles decoraram o painel e escreveram pequenas informações sobre essa Rainha que é tão querida pelos britânicos. 


Beijinhos,
Tia Bia.


quinta-feira, 19 de julho de 2012

Vencendo os erros

Use os equívocos identificados nas atividades para ajudar o aluno a superar barreiras e seguir aprendendo

Reportagem retirada do site da Nova Escola.

Vencendo os erros. Foto Paulo Vitale Ilustração Melissa Lagoa
Ninguém tem dúvida de que ensinar o que é correto está na raiz da profissão docente. Com base nessa concepção, por muitos anos se pensou que era papel do professor identificar os erros e puni-los. Prova disso é o próprio sistema de avaliação que se desenvolveu. Os estudantes são testados sistematicamente, muitas vezes recebendo notas baixas e, em casos extremos, sendo retidos no mesmo ano letivo. Afinal, aluno bom é só o que acerta.

Teorias desenvolvidas ao longo do século 20 vieram mostrar que a história não é bem essa e que o errado é quem pensa assim. Beira o impossível aprender algo sem antes cometer equívocos. Eles fazem parte da aprendizagem: são obstáculos que as crianças ultrapassam quando estão em busca do conhecimento. "Muitos professores não compreendem que as respostas dadas por elas (mesmo que distantes do padrão apontado pela ciência) têm explicações lógicas e evidenciam avanços significativos", afirma Evelyse dos Santos Lemos, pesquisadora do Ensino de Ciências e Biologia da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.

Ver o erro como um indicador do raciocínio do estudante possibilita criar situações que o levem a pôr as ideias inadequadas em xeque. É preciso analisar as incoerências, categorizá-las e problematizá-las (leia exemplos de atividades nas páginas seguintes). A chave é levar todos a pensar sobre o que não sabem e, com isso, aproximá-los do conhecimento esperado para o nível em que estão. Um olhar atento é fundamental para entender os erros, que são de diferentes tipos.

- Construtivo É o que demonstra as hipóteses do aluno acerca de qualquer conhecimento (matemático, linguístico, científico, histórico, geográfico ou artístico) naquele momento. É um dos mais comuns e importantes do ponto de vista pedagógico, já que permite colher informações riquíssimas sobre as aprendizagens, dando origem a novas estratégias de ensino. Os estudos desenvolvidos na área de alfabetização pelas argentinas Emilia Ferreiro e Ana Teberosky ajudam a explicá-lo. Depois de analisar as ideias dos pequenos sobre as características do sistema alfabético, as pesquisadoras conseguiram agrupá-las em cinco níveis. Com isso, o que antes era visto como erro de escrita passou a ser encarado como parte do processo de aprendizagem. Cada um desses patamares demonstra uma série de saberes adquiridos e exige intervenções específicas.

- Conceitual Reflete a não-compreensão de determinado conceito ensinado. Se a criança não entendeu o que aquela ideia quer dizer, não consegue responder à pergunta. Nesse caso, não tem jeito: é preciso dar um passo para trás e retomar o tema.

- De distração Ocorre quando o aluno possui a estrutura cognitiva necessária para a compreensão de um fenômeno e já se mostrou capaz disso, mas deixa de dar a resposta correta. Nesse caso, basta apontar para ele a falta de atenção e pedir um cuidado maior na realização das atividades.

- Pelo uso de uma lógica diferente da proposta pelo professor Acontece quando a criança lança mão de meios cognitivos alternativos para resolver uma questão. Mesmo que a resposta esteja correta, o que está em jogo nesse caso é a aprendizagem da estratégia. Por isso, é importante valorizar o método usado deixando clara a necessidade de empregar o procedimento específico.

Outros equívocos dos alunos permitem identificar problemas relativos ao ensino ou ao desafio apresentado em sala. Eles podem ser de dois tipos.

- Provocado pela pergunta Resultado da falta de compreensão sobre um termo ou conceito do enunciado ou da questão em si por estar mal formulada. O caminho, aqui, é propor novas atividades para deixar claro o que está sendo pedido.

- Suscitado pela falta de conhecimento didático do professor Facilmente identificável quando a maioria dos estudantes apresenta respostas que indicam a não-compreensão do tema trabalhado em sala. Adotar outra forma de ensinar o conteúdo é fundamental em momentos como esse.

terça-feira, 17 de julho de 2012

COMO CUIDAR BEM DA SUA VOZ

O cuidado com a voz é importante para o bem-estar do professor e também colabora com a prática pedagógica.

 A professora fez um tratamento e mudou seus hábitos  em sala após o aparecimento de nódulos na garganta. Foto: Patricia StavisProblema e mudança

A professora Alexandra Hardt Carlini, do Colégio Piramis, fez um tratamento e mudou seus hábitos em sala após o aparecimento de nódulos na garganta.
O professor faz parte de uma das categorias profissionais que mais se comunicam oralmente durante o trabalho. Todos os dias, fala por várias horas para cerca de 30 pessoas, frequentemente em um ambiente com interferências externas, o que o leva a forçar cada vez mais a voz. Sem entender os sintomas, muitos levam essas situações até o limite, quando as cordas vocais estão feridas, o que interfere na rotina de trabalho.

Segundo Leslie Ferreira, coordenadora do Laboratório de Voz (Laborvox), da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), cerca de 60% dos docentes apresentam sintomas como rouquidão, cansaço ao falar, disfonia e pigarro. Fabiana Zanbom, fonoaudióloga do Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro), acrescenta: "Como há pouca informação sobre o tema, muitos professores não procuram ajuda e a maioria chega ao consultório médico já com alterações de voz". Para ela, a orientação durante a faculdade de Pedagogia e os cursos de licenciatura poderia colaborar para que esse tipo de problema se tornasse menos comum.


Quem já chegou ao limite precisa buscar atendimento médico, mas o melhor caminho é a prevenção. O Ministério da Educação (MEC), no entanto, não tem um programa voltado a evitar os distúrbios vocálicos. E, embora muitas redes de ensino promovam ações nesse sentido, a maior parte delas é pontual e não existe mais. Faltam, portanto, programas permanentes que orientem os educadores.


Para tentar preencher essa lacuna, foi criado em 2011 um grupo de discussão no Ministério da Saúde. A iniciativa não é exclusivamente para escolas e nos próximos meses deve ser lançado um documento com indicações para garantir ambientes de trabalho mais saudáveis e organizados. As orientações incluem, por exemplo, controle de ruído, ventilação correta e espaços para descanso.

Pequenos ajustes

Mudanças simples em seus hábitos podem colaborar para preservar a sua voz e evitar problemas futuros

Sem ruídos

Feche as portas e as janelas para ajudar a manter a concentração da turma e poupar sua voz da competição com o ruído que vem da rua e do corredor.

Postura ereta

Ao ficar em pé, você consegue se expressar com mais facilidade e tem um controle maior sobre os alunos. Evitando a bagunça, poupa a voz.

Ajuda do som

Converse com a coordenação da escola para que ela disponibilize microfones a todos que necessitam. Faça acordos com os alunos para eliminar os gritos.

Longe do quadro

 Se você usa giz, o pó pode ser inalado e secar sua garganta. Por isso, fale virado para a turma. A atitude também favorece a comunicação com a classe.

Momentos de pausa

Quando os alunos estão fazendo um trabalho em grupos, aproveite para poupar a sua voz para a continuação da aula.

Um santo remédio

Tomar água propicia intervalos e hidrata as cordas vocais. Prefira o líquido a pastilhas, que podem fazer mal, em vez de ajudar.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

VAMOS APRENDER MAIS SOBRE O TDAH?

Minha monografia foi justamente sobre isso, pois tenho um exemplo de criança com TDAH na minha família e, por isso, decidi aprender mais sobre o tema, entender como o cérebro lida com esse transtorno. Então, mergulhei nos livros de vááários especialistas e percebi que o TDAH é algo muito maior do que parece. É importante os pais e os professores estarem atentos a certos tipos de comportamento, justamente para a criança portadora de TDAH não sofrer.

Ainda é preciso deixar claro que a maioria das pessoas acha que TDAH resume-se a pessoas com hiperatividade, mas não é só isso. Esse transtorno é dividido em dois grupos, digamos assim: TDA = Transtorno do Déficit de Atenção sem Hiperatividade e TDAH = incluindo a hiperatividade. Ou seja, são dois tipos que existem.

Dificuldade de concentração, impulsividade, ansiedade, agressividade, dificuldades ao ser contrariado são sintomas de TDAH.
Já, desatenção, timidez em excesso, viver no mundo da lua, facilidade para se distrair, não dar trabalho em casa, preguiça, não conseguir concluir tarefas de casa são sintomas de TDA, que é sem hiperatividade, ou seja, está classificado no tipo predominantemente desatento.

Muitos professores não podem ver um aluno bagunceiro que já dizem que é hiperativo, isso é um grande erro, o que ocasiona encaminhamentos desnecessários aos médicos. Minha sugestão como professora, pedagoga e conhecedora do assunto é sempre ler, pesquisar sobre o que está te preocupando em relação a um comportamento estranho de algum aluno. Antes de dar o veredito, é preciso estudar para saber diferenciar o aluno bagunceiro do aluno com transtorno. Vamos lá, profs!

Os pais também precisam se interessar, se informar. O TDAH não tem cura, mas tem tratamento. Somente os médicos podem dar o diagnóstico e definir os melhores tratamentos para controlar esse transtorno que vem aparecendo cada vez mais nas nossas crianças.


Antes de sugerir que um aluno tem hiperatividade, veja se é sua aula que não anda prendendo a atenção. Cinco pontos essenciais sobre esse transtorno.

À primeira vista, a estatística soa alarmante: de 3 a 6% das crianças em idade escolar sofrem com o Transtorno de Déficit de Atenção com ou sem Hiperatividade (o nome oficial do TDAH), que muita gente conhece somente como hiperatividade. Quer dizer então que, numa classe de 30 alunos, sempre haverá um ou dois que precisam de remédio? Não. Na maioria das vezes, o acompanhamento psicológico é suficiente. E, se o problema for bagunça ou desatenção, vale analisar se a causa não está na forma como você organiza a aula. "Geralmente, a inquietação costuma estar mais relacionada com a dinâmica da escola do que com o transtorno", diz Ma­u­ro Muszkat, especialista em Neuropsicologia Infantil da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Quando o caso é mesmo de TDAH, são três os sintomas principais: agitação, dificuldade de atenção e impulsividade - que devem estar presentes em pelo menos dois ambientes que a crian­ça frequenta. Por tudo isso, nun­­ca é demais lembrar que o diagnóstico precisa de respaldo médico. Veja cinco pontos essenciais sobre o transtorno.

1. Agitação não é hiperatividade

Há dias em que alguns alunos parecem estar a mil por hora e nada prende a atenção deles. Isso não significa que sejam hiperativos. O problema pode ter raízes na própria aula - atividades que exijam concentração muito superior à da faixa etária, propostas abaixo (ou muito acima) do nível cognitivo da turma e ambientes desorganizados e que favoreçam a dispersão, por exemplo. Em outras ocasiões, as causas são emocionais. "Questões como a morte de um familiar e a separação dos pais podem prejudicar a produção escolar", diz José Salomão Schwartzman, neurologista especialista em Distúrbios do Desenvolvimento da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. Nesses casos, os sintomas geralmente são transitórios. Quando ocorre o TDAH, eles se mantêm e são tão exacerbados que prejudicam a relação com os colegas. Muitas vezes, o aluno fica isolado e, mesmo hiperativo, não conversa.

2. Só o médico dá o diagnóstico

Um levantamento realizado recentemente pela Unifesp aponta que 36% dos encaminhamentos por TDAH recebidos no setor de atendimento neuropsicológico infantil da instituição são originados da escola por meio de cartas solicitando aos pais que procurem tratamento para o filho. "Em muitos casos, o transtorno não se confirma", afirma Muszkat. A investigação para o diagnóstico costuma ser bem detalhada. Hábitos, traços pessoais e histórico médico são esquadrinhados para excluir a possibilidade de outros problemas e verificar se os aspectos que marcam o transtorno estão mesmo presentes. Como ocorre com a maioria dos problemas psicológicos (depressão, ansiedade e síndrome do pânico, por exemplo), não há exames físicos que o problema. Por isso, o TDAH é definido por uma lista de sintomas. Ao todo são 21 - nove referentes à desatenção, outros nove à hiperatividade e mais outros três à impulsividade.

3. Nem todos precisam de remédio

Entre os anos de 2004 e 2008, a venda de medicamentos indicados para o tratamento cresceu 80%, chegando a cerca de 1,2 milhão de receitas, segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Diversos especialistas criticam essa elevação, apontando-a como um dos sinais da chamada "medicalização da Educação" - a ideia de tratar com remédios todo tipo de problema de sala de aula. "Muitas vezes, o transtorno não é tão prejudicial e iniciativas como alterações na rotina da própria escola, para acolher melhor o comportamento do aluno, podem trazer resultados satisfatórios", explica Schwartz­wman. Quando a medicação é necessária, os estimulantes à base de metilfenidato são os mais prescritos pelos médicos. Ao elevar o nível de alerta do sistema nervoso central, ele auxilia na concentração e no controle da impulsividade. O medicamento não cura, mas ajuda a controlar os sintomas - o que se espera é que, juntamente com o acompanhamento psicológico, as dificuldades se reduzam e deixem de atrapalhar a qualidade de vida. Vale lembrar que o remédio é vendido somente com receita e, como outros medicamentos, pode causar efeitos colaterais. Cabe ao médico avaliá-los.

4. O diálogo com a família é essencial

Em alguns casos, os professores conseguem participar das reuniões com os pais e o médico. Quando isso não é possível, conversas com a família e relatórios periódicos enviados para o profissional da saúde são indicados para facilitar a comunicação. É importante lembrar ainda que não é por causa do transtorno que professores e pais devem pegar leve com a criança e deixar de estabelecer limites - a maioria das dificuldades gira em torno da competência cognitiva, da falta de organização e da apreensão de informações, e não da relação com a obediência. Durante os momentos de maior tensão, quando o estudante está hiperativo, manter o tom de voz num nível normal e tentar estabelecer um diálogo é a melhor alternativa. "Se o adulto grita com a criança, ambos acabam se exaltando rápido e, em vez de compreender as regras, ela pode pensar que está sendo rejeitada ou mal compreendida", diz Muszkat.

5. O professor pode ajudar (e muito)

Adaptar algumas tarefas ajuda a amenizar os efeitos mais prejudiciais do transtorno. Evitar salas com muitos estímulos é a primeira providência. Deixar alunos com TDAH próximos a janelas pode prejudicá-los, uma vez que o movimento da rua ou do pátio é um fator de distração. Outra dica é o trabalho em pequenos grupos, que favorece a concentração. Já a energia típica dessa condição pode ser canalizada para funções práticas na sala, como distribuir e organizar o material das atividades. Também é importante reconhecer os momentos de exaustão considerando a duração das tarefas. Propor intervalos em leituras longas ou sugerir uma pausa para tomar água após uma sequência de exercícios, por exemplo, é um caminho para o aluno retomar o trabalho quando estiver mais focado. De resto, vale sempre avaliar se as atividades propostas são desafiadoras e se a rotina não está repetitiva. Esta, aliás, é uma reflexão importante para motivar não apenas os estudantes com TDAH, mas toda a turma.



Para realmente entender e compreender melhor, é preciso ler e pesquisar, como disse anteriormente.

Minhas dicas de livros:
-> No mundo da lua (Paulo Mattos)
-> TDAH – Guia completo (Russel A. Barkley)
-> Mentes inquietas (Ana Beatriz B. Silva)
-> TDA e TDAH (Thomas W. Phelan)

 

terça-feira, 10 de julho de 2012

Boa noite, gente!

Hoje posto folhinhas de tempos verbais (passado, presente e futuro).

Beijinhos,
Tia Bia.



sexta-feira, 6 de julho de 2012

Boa noite, pessoas!

Hoje posto exercícios de ortografia: G e J.

Beijinhos e um ótimo final de semana a todos,
Tia Bia.




segunda-feira, 2 de julho de 2012